A chegada de um bebê à família pode ser responsável por trazer uma série de sentimentos alegres aos pais, assim como também preocupações relacionadas à rotina do casal e/ou da família, causando mudanças, muitas vezes radicais.
É normal que tantas novidades e incertezas possam gerar sentimentos negativos na mãe, como solidão, insegurança, tristeza e muito cansaço, especialmente devido à grande demanda de mamadas frequentes, durante dia e noite.
Vale dizer que é importante que toda mamãe saiba que sentimentos como estes, assim como alterações de humor após o parto, são normais e que é muito importante que não se culpem por isso.
Outras situações comuns neste momento que podem gerar insegurança e dificultar esse processo, estão ligadas à amamentação.
Neste artigo, trouxe algumas destas dificuldades mais comuns na amamentação e também uma breve orientação do que pode ser feito para superar cada uma.
No entanto, a mulher que está amamentando não deve deixar de procurar ajuda de profissionais de saúde quando perceber situações que atrapalhem e coloquem em risco o aleitamento materno.
Demora na descida do leite
A “descida do leite” ou apojadura pode demorar um pouco mais para acontecer para algumas mulheres. As cesarianas eletivas (programadas, em que a mulher não entra em trabalho de parto) têm sido apontadas como um fator associado à demora na descida do leite, por fatores hormonais e por dificultar a amamentação na primeira hora de vida, assim como os partos prematuros e a obesidade materna.
O que pode ser feito
Nesses casos, é fundamental que a mulher se sinta confiante e conte com suporte da família e de sua rede de apoio. Algumas medidas podem ajudar, em especial a estimulação da mama com sucção frequente do bebê. Mas o apoio profissional é fundamental.
Criança com dificuldade inicial para sugar
Alguns bebês apresentam dificuldade para iniciar a amamentação nos primeiros dias de vida. Às vezes não sugam, resistem ao peito, choram, viram o rosto ou se jogam para trás quando colocados para mamar.
Há aqueles que tentam sugar, mas não conseguem abocanhar o mamilo e a aréola; alguns pegam a mama, mas não conseguem manter a pega; outros recusam um dos peitos ou são muito sonolentos.
Algumas vezes a causa pode estar associada ao uso de bicos de mamadeiras, de silicone e de chupetas, ou, ainda, à dor provocada pelo posicionamento, como, por exemplo, quando o bebê tem uma fratura de clavícula. Isso atrapalha a criança, que não consegue sugar o peito adequadamente ou não abre a boca o suficiente, impedindo a pega.
O bebê pode ter dificuldade para abocanhar a aréola (parte escura do peito em volta do bico/ mamilo) quando a mama é muito grande, está muito cheia ou “empedrada” ou quando o mamilo é invertido, protuso ou muito plano.
Bebês com o frênulo lingual curto (língua presa), dependendo do grau, podem ter dificuldade na pega e sucção.
O que pode ser feito
Suspender o uso de bicos de mamadeiras, silicone e chupetas; utilizar apoio para as mamas muito grandes; melhorar a pega e variar a posição do bebê no momento de amamentar podem ser medidas úteis.
Enquanto a criança estiver com dificuldade para sugar, recomenda-se fazer a retirada do leite do peito de forma manual ou com bomba, de 6 a 8 vezes ao longo do dia, e oferecer ao bebê o leite retirado no copo ou colher. Isso poderá ajudar na produção do leite materno até a criança passar a sugar melhor.
Mamilos doloridos e/ou machucados
Nos primeiros dias após o parto, a mãe pode sentir os mamilos doloridos ou certo desconforto no início da mamada, mesmo não estando com o peito machucado, o que pode ser considerado normal devido ao aumento da sensibilidade das mamas no final da gestação e início da amamentação.
Porém, passada a primeira semana, a persistência da dor é um sinal de alerta. Mamilos machucados provocados por pega e/ou posicionamento inadequados do bebê para mamar são os motivos mais comuns de dor.
Outras causas podem ser:
- Mamilos planos ou invertidos;
- Problemas na sucção do bebê devido ao frênulo lingual curto (língua presa);
- O bebê ficar muito tempo sugando o peito após as mamadas sem retirar leite, como se o mamilo fosse uma chupeta;
- Uso impróprio de bombas de extração de leite;
- Tração do mamilo para interromper a mamada, quando necessário, sem o devido cuidado;
- Uso de cremes e óleos que podem causar reações alérgicas nos mamilos;
- Uso de bicos de silicone;
- Manter os mamilos úmidos, em contato com sutiã, fraldas, compressas de gaze e algodão com leite que tenha vazado;
- Infecção por fungo (candidíase).
O que pode ser feito
O ideal para evitar machucar os mamilos é ter bastante atenção para que o bebê tenha uma pega adequada. Também são medidas úteis evitar o uso de sabão, álcool ou qualquer outro produto nos mamilos.
Pode-se massagear as mamas e retirar um pouco de leite antes da mamada, caso a mama esteja muito cheia e dificulte a pega.
Para interromper a mamada e fazer com que o bebê solte a mama sem esticar o mamilo, deve-se introduzir com cuidado o dedo indicador ou mínimo da mãe no canto da boca do bebê.
Se os mamilos já estiverem machucados, recomenda-se enxaguá-los com água limpa pelo menos uma vez ao dia a fim de evitar infecções.
Alguns procedimentos podem ser úteis para diminuir a dor:
- Variar a posição das mamadas, reduzindo a pressão nos pontos dolorosos;
- Iniciar a amamentação na mama não machucada ou menos machucada. Se a dor for intolerável para a mulher, pode-se suspender temporariamente a oferta de uma das mamas e retirar o leite do peito manualmente para prevenir outros problemas como ingurgitamento mamário, também conhecido como “leite empedrado”, ou mastite, nome dado à inflamação da mama.
- Não se aconselha o uso de cremes, óleos, antissépticos, além de saquinho de chá, casca de banana ou mamão ou outras substâncias sobre as mamas na tentativa de aliviar a dor. Não existe comprovação científica de que passar esses produtos ou o próprio leite materno ajude nos casos de mamilos machucados.
Se os sintomas persistirem, é importante procurar a ajuda de profissionais de saúde, que poderão detectar a causa da dor e orientar a mulher sobre o tratamento mais indicado.
Ingurgitamento mamário ou “leite empedrado”
Outra dificuldade comum, principalmente nos primeiros dias de amamentação, é a mama produzir mais leite do que o bebê consegue mamar. Ficar com a “mama cheia” antes de o bebê mamar é normal e não requer nenhum tratamento.
O problema é quando a mama começa a ficar muito cheia a ponto de a pele ficar esticada, muitas vezes com a mama endurecida ou com a presença de alguns caroços, processo denominado de ingurgitamento mamário, popularmente conhecido como “leite empedrado”.
Em situações mais graves, as mamas podem ficar bastante doloridas, inchadas e com a pele avermelhada e brilhante, podendo provocar febre e mal-estar.
O que pode ser feito
O primeiro passo é deixar o bebê mamar sempre que quiser, sem horários rígidos e sem pressa, para ele retirar o máximo de leite possível das mamas.
Outros procedimentos podem ajudar:
- Fazer massagens com suaves movimentos circulares nas mamas e retirar um pouco de leite para facilitar a pega, de preferência manualmente, ou com bomba;
- Usar sutiã de alças largas e firmes para maior suporte.
“Pouco leite”
A sensação de ter pouco leite é a razão mais comum para a oferta de outros leites e alimentos à criança.
É importante saber que a maioria das mulheres produz uma quantidade suficiente de leite, desde que a criança sugue com frequência, por tempo adequado e com uma pega adequada, estimulando a produção do leite e o esvaziamento da mama.
Choro ou outras reações de insatisfação do bebê, assim como alguns dias sem fazer cocô, não significam necessariamente que a mãe esteja com pouco leite.
Se o bebê demonstra estar satisfeito após as mamadas, é ativo e responde aos estímulos, urina várias vezes ao dia (no mínimo 6 vezes) e, principalmente, está crescendo, ganhando peso e se desenvolvendo adequadamente, não há problemas com a quantidade de leite produzido pela mulher. Logo, o leite oferecido é suficiente.
O que pode ser feito
Algumas medidas ajudam a aumentar a produção do leite, como:
- Melhorar o posicionamento e a pega, se necessário;
- Aumentar a frequência das mamadas, inclusive durante à noite;
- Oferecer as duas mamas quando for amamentar;
- Massagear a mama durante as mamadas;
- Retirar o leite que fica na mama, manualmente ou com bomba, após as mamadas;
- Dar tempo para o bebê mamar bastante em um dos peitos antes de trocar para o outro;
- Estimular a criança a sugar, fazendo carinho nos pezinhos, conversando com ela, retirando um pouco de sua roupa se ela estiver sonolenta ou se não sugar vigorosamente;
- Evitar o uso de mamadeiras, chupetas e bicos de silicone;
- Consumir dieta saudável;
- Ingerir água em quantidade suficiente para matar a sede;
- Repousar, sempre que possível.
Independentemente da situação, a mulher precisa e deve receber apoio da família, da sua rede de apoio e dos profissionais de saúde para manter a amamentação, pois tanto o bebê quanto a própria mãe adquirem muitos benefícios.
Veja também: “Benefícios da amamentação para a mulher”.
2 respostas
Amamentar na maioria das vezes é dolorido e cansativo, mas sem dúvida alguma é um dos momentos mais sublimes entre mãe e filho. Experiência única.
Com certeza, Mariana. 🙂