As crises do bebê: como lidar com cada fase

bebe chorando
Seu bebê tem se alimentado mal, está enfrentando problemas para dormir ou tem estado agitado? Então, pode ser que ele esteja passando por uma fase de crise.

“Era apenas mais uma semana como outra qualquer com nossa filha. Tudo estava bem! A rotina permanecia normal, ela se demonstrava calma, enfim… Estávamos vivendo uma vida tranquila e feliz. Porém, sem mais nem menos, nossa pequena mudou completamente. Começou a chorar como se não houvesse amanhã. Isso sem falar na alimentação, que começou a ficar mais difícil agora.  Será que tem alguma coisa errada com ela, doutor!”

Quantas vezes nós, pediatras, já ouvimos essa queixa em consultório!? São diversos os pais que procuram nosso auxílio, com receio de que esteja acontecendo algo de errado com seus filhos, quando, na verdade, não há! 

Em casos assim, há uma grande chance de que a criança esteja apenas passando por uma de suas fases normais de desconforto, presentes em seu desenvolvimento. Muitos rotulam essas fases como “crise do bebê”.

As crises do bebê

Desde quando os pequenos nascem, até o terceiro mês de vida, há pelo menos seis destes momentos de crise, sendo os mais frequentes conhecidos como “a angústia da separação”, que aparece por volta do oitavo mês, e a “terrível adolescência do bebê”, famosamente conhecida como Terrible Two, que tem seu auge aos dois anos.

Tanto essas duas, quanto todas as outras crises, são períodos onde a criança apresenta muita birra e manha.

Apesar de serem fases difíceis para os pais enfrentarem, são comuns e estão relacionadas ao desenvolvimento e crescimento das crianças. Basicamente, o bebê vai aperfeiçoando sua maneira de enxergar o mundo ao seu redor, conforme vai crescendo e se desenvolvendo.  Cada nova situação descoberta, é assimilada pelo pequeno, que entra em desequilíbrio, mas que se torna fundamental para sua próxima etapa, a da adaptação. 

Apesar de ser algo normal, algumas crianças tendem a enfrentar essas crises com mais dificuldade, enquanto outras se demonstram menos sensíveis e incomodadas com as novas situações. Além disso, o período de crise também é variável, sendo alguns dias para uns e meses para outros.

O fato é que, mesmo as situações mais incômodas, enfrentadas tanto pelos pais, quanto pelos filhos, são normais e não possuem motivos para desespero ou necessidade de medicamentos, apenas de afeto e compreensão.

Saber da existência dessas fases e como normalmente elas acontecem, lhe ajudará a enfrentar cada uma quando acontecer.

Primeiros dias - “Que diferente que é aqui fora”

Você já parou para pensar que nossa primeira grande mudança aconteceu em nosso nascimento? São nove meses aconchegados em um ambiente escurinho, agradável e seguro, com a temperatura aprazível e um embalo perfeito para tirarmos constantes sonecas. Isso sem falar no som capaz de nos acalmar: os batimentos cardíacos de nossa mamãe! 

Apesar de não nos lembrarmos, esse foi o início de tudo para nós, que vivíamos em um lugar considerado perfeito. Porém, por conta do crescimento, esse nosso primeiro lar, já não era grande o suficiente, nos forçando a nascer.

E se você acha que o nascimento é a única mudança nesse momento, perceba que ela vem acompanhada de diversas outras.

Desde que o bebê deixa o útero, ele é tomado por uma luz que antes não existia, é colocado em um ambiente seco, longe do líquido amniótico, no qual passou meses vivendo, e, ainda por cima, é obrigado a levar para dentro de seus pequenos pulmões um elemento químico chamado oxigênio.

Olha quantas mudanças drásticas em poucos segundos!!! E elas não param por aí…

Agora, o pequeno irá ter que aprender a viver em uma nova casa, além de se habituar a uma nova rotina de mamar no peito, ouvir barulhos diferentes, conhecer um monte de pessoas que estavam loucas para conhecê-lo e diversas outras coisas.

Se formos considerar a quantidade de mudanças que surgem repentinamente, ser um bebê não é uma tarefa tão simples assim. Com todas essas modificações, os bebês acabam perdendo as referências que tinham, como a forma que se alimentavam, o espaço onde viviam e suas experiências sensoriais, que necessitam de adaptações para viver neste novo mundo.

Por tanto, é normal que os pequenos fiquem mais agitados, pois eles estão iniciando seu processo de adaptação ao novo ambiente.

E quanto ao choro, entenda que é normal também. Afinal, por ainda não conseguirem se expressar como nós, toda e qualquer reclamação que tenham, é expressada pelo choro, por ser um meio de comunicação eficiente para os bebês. Através do choro, eles conseguem que suas fraldas sejam trocadas, conseguem que os pais providenciem banhos bem gostosos, garantem uma amamentação bem saborosa e até conquistam um soninho agradável, embalados em um cobertorzinho aconchegante. 

Como os pais podem agir nessa fase?

Antes de tudo, é preciso que os pais compreendam que as fases de desenvolvimento de uma criança nem sempre são atravessadas em paz. Por isso, é preciso ter calma e buscar conhecimento, principalmente até o terceiro ano de vida do pequeno, que é uma idade onde as crianças passam a ter plenas condições de expressar seus sentimentos. 

Agora, referindo-se a essa primeira fase, o segredo para enfrentá-la é fazer uma coisa que muitas mamães já fazem quase que instintivamente quando o pequeno começa a chorar: dar colo. 

O ato de pegar o bebê no colo, bem enroladinho em uma coberta, e segurar firme, é como se a mãe estivesse reproduzindo o ambiente intrauterino. Além disso, aquelas leves batidinhas no bumbum, acompanhadas de movimentos de embalo, imitam o som do ritmo cardíaco que a criança ouvia na placenta e reproduzem o movimento que ela estava acostumada a sentir dentro da barriga da mãe.

Em outras palavras, essa atitude busca simular os meses que o pequeno viveu antes de nascer, e isso tende a confortá-lo.

Fim do primeiro trimestre - “Nós não somos um só?”

O completar do terceiro mês é um momento tão marcante que, para algumas pessoas, os bebês passam por dois nascimentos: o biológico, que é o dia do parto, e o psicológico, que acontece quando o bebê completa 3 meses. 

Durante todo esse primeiro trimestre, o bebê tem a sensação de que ele e sua mãe são uma única pessoa, como se, para a criança, mãe e filho significasse um único ser, denominado por uma única palavra: “mãefilho”.

Essa fase é conhecida como período simbiótico.

Após estes três primeiros meses, muitos desafios já foram superados. O bebê já consegue mamar melhor, a mãe já se demonstra mais confiante e o pequeno já começa a utilizar melhor sua visão, começando a olhar mais fixamente para os olhos da mamãe e até sorrindo com as brincadeiras.

Porém, nesse momento, vem uma nova crise do bebê, que é quando ele começa a sair da simbiose e ir para a primeira consciência de que existem outras pessoas no mundo além dele. A criança começa a notar de que ela e sua mãe não fazem parte de uma única pessoa, tendo então a percepção do outro, que, normalmente, é a própria mãe. E agora, com essa nova visão, o pequeno pode começar a sentir a necessidade de ter a mãe mais próxima a ele.

Um exemplo disso é a amamentação, que, em alguns casos, deixa de ser apenas um meio de saciar a fome, para se tornar uma forma de ficar mais próximo à mãe e voltar a sentir a segurança que sentia no primeiro trimestre. 

E por falar em amamentação...

Nesta nova fase, a mãe pode ter a percepção de que seu filho está mamando mais vezes, porém de uma forma mais rápida, e isso tende a trazer um certo desespero, por imaginar que o bebê possa estar com a algum problema, devido à mudança. 

O que acontece, na verdade, é que, neste período, os bebês ficam mais distraídos, observando tudo à sua volta. Além disso, o pequenino já consegue sugar o peito com mais facilidade, por ele ter mais força e a mãe mais leite. Assim, tende a gastar menos tempo com a amamentação. 

Portanto, se a criança estiver se desenvolvendo bem e ganhando peso sem a ajuda de qualquer complemento, não há motivos para preocupação, pois essa é apenas mais uma das fases de adaptação que o bebê está passando.

Resumidamente, o importante nesse período é que a mamãe entenda que esta é uma etapa onde o bebê percebe que os dois não são uma só pessoa e que, para ter o que necessita, como leite, colo ou fraldas limpas, precisará chamá-la com sua principal ferramenta de comunicação, o choro.

Nesse momento, é normal a criança sentir ansiedade e até medo. É como se ela pensasse: “Será que estou sozinha? E se eu precisar de algo e ninguém me ajudar, o que eu faço?”.

Como identificar a crise?

Agora que você já percebeu a quantidade de mudanças que os bebês precisam enfrentar logo no início, fica mais fácil compreender que uma possível crise possa aparecer, não é mesmo?!

A melhor maneira de descobrir se realmente a fase está acompanhada de uma crise, é ouvindo o pediatra, pois, normalmente, as queixas levadas até ele pelos pais tendem a ser bem parecidas, facilitando a identificação.

Por exemplo, algumas mães chegam ao consultório dizendo que há três dias o filho estava super bem, mas, de repente, não quis mais mamar, rejeitando o peito. Já outras reclamam de agitação sem motivo ou relatam que seus filhos não querem ficar no colo, ou no berço, dando o entender de que nada consiga confortar a criança. 

Portanto, se você deseja ter a certeza da crise, converse com o pediatra, pois ele saberá informar se o bebê está com algum problema de saúde ou simplesmente atravessando uma fase.

Entre o quinto e sexto mês - “Não somos só nós dois?”

Por mais que um pai seja presente em toda essa jornada até aqui, sua relação com o bebê jamais será tão simbiótica como a de uma mãe. Aliás, esse é um dos vários motivos pelo qual muitos pais conseguem apenas 5 dias de licença do trabalho, enquanto as mamães conseguem variações entre 4 e 6 meses. 

Até o quinto mês, para o pequeno, no mundo existe apenas ele e sua mãe. Somente por volta do sexto mês de vida que o bebê começa a reconhecer a figura do pai, dando início à formação do triângulo familiar, ou quadrilátero, quando já existe um irmãozinho.

Surge uma nova crise na vida do pequeno

Nessa fase, é comum os bebês apresentarem um pouco de transtorno do sono e uma queda de apetite. Além disso, durante o dia, a criança tende a desenvolver um certo interesse pelas pessoas que ela entende fazer parte de seu vínculo familiar, o que pode ser um pouco estranho para ela às vezes.

Apesar de ser um mundo de novas descobertas para os bebês, a maior crise, nesse período, tende a ser das mães, pois é nessa fase que a maioria passa a compreender  que, para que seu pequeno cresça e se desenvolva saudável e feliz, é necessário que ele tenha essa relação triangular, e não mais a relação de “cordão umbilical” que havia até então. Sendo assim, a figura paterna tende a ser a primeira fase no corte dessa dependência total. 

E os dentinhos?

Um ponto que pode confundir muitas mamães quanto a crise de seus bebês, é a questão da dentição.

Apesar de não haver um padrão, os primeiros dentinhos tendem a surgir no sexto mês de vida, causando nervosismo e irritação no pequeno, pois, o dente nascendo, pode provocar coceira e dor na gengiva. Por conta disso, esse período da dentição muitas vezes se confunde com a fase do triângulo familiar.

A partir do oitavo mês - “Cadê minha mamãe?”

Para exemplificar esse período, vou contar uma historinha. 

Carol, uma bebezinha de 7 meses e meio, sempre se demonstrou tranquila e sorridente. Nunca teve nenhum problema em ir no colo das pessoas. Sempre se mostrou segura e confortável, mesmo longe da mãe, como na creche, por exemplo. A pequena era uma menininha muito sociável, até que tudo mudou de repente…

Na terceira semana do mês de agosto, Carol completava seu oitavo mês e começou a se comportar de uma forma diferente. Aquela facilidade em ir no colo de outras pessoas, que não faziam parte de sua rotina, já não existia mais. Uma tarde na creche, que antes era tranquila, agora é acompanhada de muito choro. E, em sua casa, mal sua mãe pode sair de perto que a pequena já se desespera. 

“O que será que está acontecendo com nossa filha, Roberto? Será que está doente?”, comenta a mãe com seu esposo. 

Mal sabe ela que a pequena Carol está apenas entrando em uma nova fase, conhecida como “angústia da separação”.

De todos os períodos de crise que uma criança pode enfrentar, esse é considerado o mais significativo, principalmente para aquelas que tiveram um bom vínculo com a mãe. 

Imagine que o bebê, nessa fase, já consegue fazer muitas coisas sozinho. Ele consegue sentar, brincar, mas sempre acompanhado de sua mãe. Até que um dia, em uma de suas brincadeiras na sala, o pequeno percebe sua mamãe desaparecendo pela porta. Para nós, essa é uma situação normal, porém, para o bebê, não é tão simples assim.  É como se ele pensasse: “Será que a mamãe vai voltar? Ela vai me abandonar? Quem vai me alimentar?”. Essa nova percepção é acompanhada de medo e pela angústia da separação, podendo trazer, para a criança, distúrbios do sono e até perda de apetite.

Há motivos para desespero dos pais?

É normal que  pais de primeira viagem se desesperem com a situação e até imaginem que possa ser uma situação mais grave, porém, se estiver tudo certo com a saúde, desenvolvimento e crescimento do bebê, não há razões para preocupação. Afinal, essa é apenas mais uma fase necessária para o desenvolvimento do pequeno, onde a criança precisa entender que a companhia da mãe pode ter períodos de pequenas ausências, principalmente ao final da licença-maternidade. 

Outro ponto relevante nesse período é o surgimento de uma vontade excessiva de ficar no peito da mãe. Muitos pais acreditam que seus filhos desenvolvem um apetite maior pelo leite da mãe nessa fase, quando, na verdade, nem sempre essa vontade pode significar fome. 

O ato de mamar é um dos momentos mais próximos e íntimos do bebê com sua mãe. Logo, sua demonstração de fome por leite, na verdade, é um modo que os pequenos encontram para ficarem pertinhos de suas mães. 

Isso pode ser observado com a oferta de outros alimentos, como a papinha, por exemplo. É provável que o bebê rejeite às vezes tais alimentos, pois eles podem significar separação da criança com sua mãe.

Duas dúvidas que os pais possuem nessa fase

1. “Devemos levar nosso filho para dormir na cama conosco?”

Por melhor que possa parecer essa ideia, essa prática pode fazer com que a criança fique mais dependente dos pais, buscando por mais atenção. 

O ato de levar o bebê para dormir na mesma cama se dá mais por conta da ansiedade dos pais do que pela necessidade da criança. Além disso, esse ato tende a impedir uma noite de sono tranquila dos pais, por conta do medo de sufocar ou machucar o pequeno enquanto dormem.

O ideal é que o bebê, desde seus primeiros aninhos, durma em seu berço ou carrinho.

2. “Nessa fase, se a criança chorar de madrugada, há diferença se a mãe ou o pai vá atendê-la?”

Sim! O ideal é que seja a mãe, pois, na cabeça do bebê, ele tende a imaginar que, quando a mãe apaga a luz, sai do quarto e fecha a porta, pode ser que ela nunca mais volte. Então, se durante a noite ele chorar e não for a mãe a pessoa a ir confortá-lo, ele poderá acreditar que foi abandonado por ela. 

Por isso, o importante nesse período é que a mãe o atenda durante os choros noturnos. Isso fará com que ele entenda que a presença dela pode ser seguida de ausências.

Como superar essa crise?

Para que esta seja uma fase de mais tranquilidade, o ideal é que os pais evitem alterações na rotina do pequeno, como a troca de cuidador ou de creche, se for o caso. 

Um ponto interessante é que, nesse período, a criança começa a se apegar com algum objeto, como um paninho, por exemplo. Esse objeto começa a representar a mãe. Por isso, é importante que ela mantenha contato com ele também, para que seu cheiro fique neste objeto. Isso irá ajudar o pequeno a entender que, no período da noite, as coisas não desaparecem, ou seja, a mãe pode até se ausentar por um tempo, mas seu objeto preferido estará com ele quando acordar. 

Essa utilização de um objeto de transição ajuda os bebês a se sentirem seguros e a entenderem que esse afastamento da mãe não é uma perda.

Um aninho - “Nem tudo que eu quero eu posso?”

Aaaahhh, o primeiro aninho! Uma das datas mais comemoradas pelos pais. Foram muitas semanas de muitos desafios, mas todos vencidos até aqui. Só que a batalha ainda não acabou!

Agora, o pequeno descobre que é possível caminhar e ser independente. 

Começa engatinhando um pouquinho, arrisca uns passinhos, mas cai. Isso se repete por várias e várias vezes. Seu desejo é claro, ele está muito curioso, querendo ficar em pé e sair explorando toda a casa, abrindo gavetas, bagunçando e jogando tudo no chão. Porém, mesmo com todo esse desejo, seu corpinho ainda não está totalmente preparado para isso. Nesse momento, surge um conflito dentro de si entre o querer e o poder. 

Nesse período, cada tombo que o bebê leva, pode vir acompanhado de frustração, que, por sua vez, pode desencadear uma crise de irritabilidade. A criança tende a chorar mais, a ficar mais intolerante, comer menos e ter alterações de sono.

O que os pais podem fazer para ajudar?

Antes de tudo, os pais devem entender que essa é uma fase onde a criança começa a ter alguma independência, mas que, por seu corpo ainda não estar preparado para isso, ela sentirá um pouco de medo. Por isso, é importante dar apoio, segurança, afeto e comemorar com o pequeno a cada conquista dele, pois isso dará estímulo para enfrentar novos desafios. 

Além disso, os pais podem estimular também os primeiros passos do bebê, porém, sem forçá-lo, pois esta é uma etapa que depende exclusivamente dele, uma vez que, neste momento, o cérebro e as pernas do pequeno ainda não se combinam. É como se a mente quisesse, mas o corpo ainda não conseguisse, gerando angústia. 

Em outras palavras, a criança irá caminhar quando estiver pronta para isso.

Então mamãe, nada de pressionar o pequeno, afinal, ele pode estar começando a assumir diversos compromissos, como acordar cedo ou ter que ir para a creche. Ter mais uma pressão em sua vida não ajudará em nada.

Outra dica importante é que os pais não devem se preocupar com a performance e tão pouco comparar o desenvolvimento de seu filho com o de outras crianças. Cada criança tem seu tempo, logo, andar mais cedo não significa que uma criança é mais inteligente que a outra.

Entre um ano e meio e três anos - “Agora sou eu quem manda!”

Se você é mãe de primeira viagem e não passou por essa fase ainda, então vá se preparando para os diversos “nãos” que seu filho irá lhe dar. Mas fique tranquila, pois essa é outra fase normal.

Essas diversas respostas negativas para qualquer pedido dos pais, demonstra que a criança está chegando num período onde acredita que tudo tem que ser do jeito dela e que ela não pode ser contrariada. Nessa fase, é comum vermos aquelas famosas cenas de crianças esperneando no chão dos supermercados. 

Esse “reinado”, marcado por muita desobediência e choro, é conhecido pela terrível fase dos dois anos, popularmente chamada de “terrible two”, podendo ter início logo após a criança completar seu primeiro ano e se estendendo até o terceiro.  

Nessa idade, como sua linguagem ainda não está desenvolvida, as crianças tendem a se expressar com o corpo, seja gritando, chorando ou se atirando no chão.

A fase do terrible two é conhecida também como a “adolescência do bebê”, pois nela parece não haver limites para os pequenos, sendo preciso que os pais os imponham.

O que os pais podem fazer para enfrentar essa crise?

A principal dica para ajudar os pais a enfrentarem essa fase é dando possíveis opções para a criança escolher. Por exemplo, ao invés de ordenar que a criança vista uma determinada roupa que você escolheu, dê algumas opções para que ela escolha uma. Caso a criança não queira nenhuma, diga algo como “essa opção não existe. Nós temos apenas a opção 1 e a 2. Qual você quer?”

Essa possibilidade de escolha gera na criança um senso de satisfação, por ter sua vontade atendida, e, por parte dos pais, tranquilidade, por a criança ter escolhido algo dentro das possibilidades limitadas por eles. 

“Mas e se for uma situação onde não tenho como dar opções, como na hora de determinar o que a criança vai comer? Eu teria que preparar dois pratos de comida para meu filho escolher?”

Na verdade, não. Na fase do terrible two, a criança sente a necessidade de estar no comando e ter o poder das escolhas, porém, essa necessidade pode ser satisfeita com outras opções. 

Vamos imaginar essa situação na hora de comer, você pode começar dando o poder da criança escolher o prato que ela irá querer usar, por exemplo. Mas se ainda assim, no momento da refeição, ela fizer birra, querendo escolher o que comer, mude o foco da escolha. Sugira que ela escolha entre os talheres, por exemplo. 

“E se meu filho fizer bagunça, espalhando todos os brinquedos pelo chão, e não quiser guardar?”

Use da mesma estratégia. Crie possíveis opções como, “você quer guardar seus brinquedos sozinho ou prefere que eu lhe ajude?”. 

Claro que, na hora de dar essas opções, é de extrema importância que todas sejam possíveis de serem executadas. Se, por exemplo, você precisar sair com seu filho,  mas ele se recusar a se arrumar, dar opções como “ou você se arruma para irmos, ou você irá ficar sozinho em casa”, obviamente estará criando uma escolha falsa na segunda opção, visto a impossibilidade da criança ficar sozinha em casa. 

Isso, além de tirar toda sua credibilidade, irá gerar uma frustração, tanto na criança, quanto em você. Então, cuidado ao planejar essas opções. 

Outro ponto relevante no momento em que você estiver coordenando essas situações, é falar com voz firme, porém sem gritar ou se demonstrar brava. Apenas dê as opções plausíveis dentro do seu universo, mas impondo sua autoridade. E busque fazer isso sempre na altura dos olhos da criança, pois, ao se abaixar para conversar, você estará tirando uma possível sensação de intimidação que ela possa vir a ter, por estar em uma posição muito mais baixa do que você.

Dr Wesley Pediatra Santo Antonio da Platina

Dr. Wesley de Moraes Pereira Junior

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Sobre Dr. Wesley Pediatra Santo Antônio da Platina

Dr. Wesley Jr.

O Dr. Wesley de Moraes Pereira Junior é graduado na Universidade do Oeste Paulista, pela Faculdade de Medicina “Dr. Domingos Leonardo Cerábolo”, com Residência Médica na especialidade de Pediatria, pela Faculdade de Medicina de Marília.