Me diz uma coisa, mamãe… Em se tratando do assunto “chupeta”, você já deve ter se deparado com diversas opiniões, não é mesmo? Alguns dizendo o quão prejudicial é, outros falando dos benefícios, porém, o principal ponto, que é ensinar como conseguimos fazer com que nossos filhos larguem a chupeta de uma forma tranquila, aí são poucos os que conseguem de fato ajudar.
Então, seja você uma mamãe que queira fazer com que seu pequeno largue a chupeta ou uma futura mamãe que está em busca de se informar mais, antes de começar a dar a chupeta para seu pequeno, separei um conteúdo bem bacana para auxiliar nos dois casos.
Mas antes de tudo, precisamos falar sobre dois pontos que estão ligados ao real propósito da utilização da chupeta, que são as necessidades psicológicas e as necessidades nutricionais.
As Necessidades do Bebê
A primeira coisa que precisamos entender é quanto a sucção do bebê.
Essa sucção começa na vida intra uterina, por volta da décima oitava semana de vida, e é importante tanto para a sobrevivência do bebê, por depender dela em sua alimentação feita no peito da mãe, quanto em aspectos psicológicos, pois, esse movimento de sucção faz com que o bebê se acalme.
Em outras palavras, a sucção, utilizada pela criança para obter o alimento, promove a liberação de um hormônio chamado endorfina. Esse hormônio produz um efeito de modulação da dor, do humor e da ansiedade, provocando sensação de prazer e bem-estar ao bebê. A ação de mamar no peito da mãe pode satisfazer sua necessidade nutricional e a psicológica.
Quando o bebê se alimenta através do peito da mãe, o tempo de mamada tende a ser mais longo do que na mamadeira. Por conta dessa demora, a criança consegue satisfazer sua necessidade emocional antes da nutricional.
Logo, quando ele termina de mamar, o bebê já está mais tranquilo, por ter conseguido alcançar um bem-estar nessa sucção no peito da mãe, coisa que, na maioria das vezes, não acontece quando a alimentação é feita através da mamadeira, pois o mamá pode acabar antes do pequenino conseguir sugar o tempo suficiente para satisfazer sua necessidade psicológica. Nesse caso, o uso da chupeta se transforma em uma ferramenta capaz de suprir a falta dessa necessidade emocional.
Porém, vale ressaltar que a Sociedade Brasileira de Pediatria lista vários pontos contrários ao uso da chupeta, sendo que um deles diz respeito a outras formas eficazes de fazer com que o bebê tenha sua necessidade psicológica atendida. Confira 4 destes pontos:
1. Estudos associam a chupeta a um tempo menor de duração do aleitamento materno, o que interfere diretamente na saúde da mãe e do bebê;
2. Há inúmeras formas de acalmar um bebê, como o colo, o carinho, a música, a amamentação, e nenhuma delas exige o artifício da chupeta;
3. Estudos apresentam que a chupeta interfere na formação bucal e sua utilização pode dobrar as chances de a criança apresentar deformação na arcada dentária, problemas na mastigação, problemas na fala, problemas na linguagem oral, além de problemas emocionais;
4. Seu uso pode ocasionar problemas respiratórios, já que a chupeta induz à respiração oral (pela boca), levando a uma expiração prolongada (o que reduz a frequência respiratória), diminuindo o espaço aéreo dos seios da face (o que provoca desvio de septo), diminuindo a produção de saliva, entre outras consequências. Com uma respiração nasal precária, aumentam as chances de irritações (rinites, amigdalites, faringites) e infecções de ouvido.
Quando a chupeta vira um problema?
Apesar de existirem outras formas de fazer com que os bebê satisfaça sua necessidade emocional, o uso da chupeta cumpre bem essa função. Porém, seu uso pode se transformar em um problema caso sua utilização se torne um hábito que vá além da simples utilização para a satisfação de tal necessidade.
Se ela for utilizada em um momento onde o bebê terminou de mamar, mais ainda está inquieto, então essa ação poderá ajudar a acalmá-lo, desde que a chupeta seja retirada logo após a criança ter se acalmado. Porém, quando o bebê fica o dia todo com a chupeta, isso se torna um hábito e poderá virar um problema.
Outro ponto que devemos observar é que muitas mamães e papais tendem a utilizar a chupeta como se fosse uma “rolha” para silenciar a criança toda vez que ela começa a demonstrar uma inquietação, irritação ou mal-estar. Esse ato, além de errado, é uma das causas que criam esse apego dos pequenos com esse objeto.
Portanto, o ideal é que os pais não deem a chupeta por qualquer motivo, mas somente naquele momento onde o bebê se demonstre muito irritado. Ainda assim, considerando que a chupeta deve ser retirada logo após o bebê se acalmar.
Outra dica interessante, para não tornar a chupeta um problema, é não vincular nenhum objeto que a criança possa vir a ter apego como, por exemplo, um paninho ou naninha, e evitar também prender a chupeta à criança.
Muitos pais, com receio de que o pequeno derrube a chupeta no chão, tendem a usar um prendedorzinho na roupa do bebê, porém, esse ato facilita o acesso da criança à chupeta, e nossa ideia aqui é dificultar ao máximo esse acesso, para que a chupeta não se torne um hábito futuro.
10 dicas para ajudar os pequenos a largarem a chupeta
Se você leu até aqui porque estava em dúvida entre dar ou não a chupeta para seu filho, então guarde as próximas dicas para aplicá-las futuramente, caso as anteriores não tenham dado certo para você.
Agora, se você é uma mamãe que não sabia de nada disso e, infelizmente, está em uma situação onde seu filho está crescendo, mas não está querendo largar a chupeta, então confira essas 10 dicas que separei para lhe auxiliar nesse momento.
Dica 01 - Idade Ideal
A melhor idade para fazer com que a criança largue a chupeta é entre 1 e 3 anos, pois, a partir do terceiro ano de vida, há um prejuízo muito maior para a dentição do pequeno.
Outro fator que torna esse período o ideal para tirar a chupeta é que, nessa idade, a criança está mais independente e consegue mudar alguns hábitos com uma facilidade maior.
Dica 02 - Permita que a criança participe do processo
Essa dica de fazer com que a criança participe do processo é válida em diversas situações ao longo de sua infância. No caso da chupeta, defina com a criança um local para guardá-la. Com isso, quando for o momento da criança não estar usando a chupeta, você poderá pedir para ela ir até o local definido e guardá-la. Assim você estará criando uma confiança da criança em você, pois ela saberá que a chupeta estará segura em um local determinado por vocês.
Dica 03 - Crie uma rotina no uso da chupeta
A ideia com essa dica é que sejam estipulados momentos onde a criança poderá usar a chupeta como, por exemplo, “você só vai poder usar a chupeta em casa e na casa da vovó”.
Dica 04 - Deixe a chupeta ficar velha
Muitos pais têm o costume de ir substituindo as chupetas conforme elas vão envelhecendo, mas o ideal, para fazer com que a criança largue a chupeta, é justamente deixá-la que fique mais velhinha.
A ideia é você ir deixando as chupetas ficando velhas até um ponto onde o pequeno já não sinta o mesmo prazer que tinha antes, quando haviam várias chupetas ou apenas uma única, porém nova.
Essa é uma estratégia que faz com que a criança vá perdendo o gosto pela chupeta e largue por ela mesma.
Mas atenção, mamãe! Não permita que essa chupeta fique muito velha ao ponto de se tornar um risco para a saúde de seu filho. Deixe apenas até um ponto onde a sensação de chupar chupeta já não seja mais tão prazerosa quando era antes.
Dica 05 - Faça alguns furinhos
Essa é outra estratégia ligada ao prazer.
Quando fazemos alguns furinhos na chupeta, ela perde o poder de sucção que tinha, diminuindo assim a sensação de prazer que a criança conseguia ter. Com isso, ela poderá estranhar e ter uma percepção de que a chupeta já não a satisfaz tanto quanto antes, largando-a, como consequência.
Dica 06 - Marco especial
Essa é uma tática que coloca alguma data especial como um marco para largar a chupeta.
Por exemplo, você pode combinar com seu filho uma data que ele julgue especial para se desfazer da chupeta como, por exemplo, entregá-la ao Papai Noel no Natal. Assim, você estará incluindo a criança no processo de escolha, o que é ótimo.
Além disso, após essa entrega, você poderá dizer ao pequeno que esse momento foi muito importante e que o fato dele ter conseguido foi muito legal. Busque reforçar essa atitude positivamente, o parabenizando e dizendo que você está orgulhosa por ele ter conseguido. Vocês podem até combinar um passeio em família para comemorar essa vitória, visto que as crianças pequenas amam estar com os pais.
Outra dica interessante, para complementar essa tática, é filmar ou criar um desenho com a criança demonstrando esse acordo entre vocês, pois, caso ela venha a esquecer ou pedir para usar a chupeta novamente, você poderá mostrar essa prova do comprometimento da criança em entregar a chupeta.
Vale ressaltar que, ao chegar próximo da data escolhida, caso você perceba que o pequeno comece a apresentar sinais de medo, ansiedade, insegurança ou angústia, é importante conversar com ele para verificar se tais sentimentos estão sendo causados pela chegada do momento de se largar a chupeta.
Entenda que a chupeta, muitas vezes, é um porto seguro para a criança. Logo, a ideia de deixá-la sem pode ser traumática. Nesse caso, deixe de lado essa estratégia e opte por aquelas que façam com que seu filho vá perdendo o gosto pela chupeta.
Dica 07 - Apoio emocional
A chupeta funciona como um apoio emocional para as crianças. Portanto, se aconteceu algo ou irá acontecer algo importante na vida da criança, como a chegada de um irmãozinho, por exemplo, o ideal é adiar esse processo de retirada.
Então, espere passar qualquer momento de mudança que esteja acontecendo ou que esteja para acontecer na vida do pequeno.
Dica 08 - Chupeta perdida
Essa é uma dica que tem ligação com a quarta dica, de ir deixando a chupeta ficar velhinha, porém num sentido de deixar as chupetas irem sendo perdidas até o ponto de restar apenas uma única.
Dessa forma, você conseguirá fazer com que a criança tenha a consciência de que aquela é a última chupeta e que, se perde-la ou entregá-la ao Papai Noel, não haverá outra para recorrer.
Dica 09 - Jamais diga algo como “a chupeta foi embora”
Crianças são espertas! Dizer coisas como “a chupeta foi embora” ou “a chupeta se perdeu” fará com que seu filho tenha como solução a compra de uma nova. Por isso, o ideal é sempre dialogar com a criança, para que ela entenda esse processo e o porquê é tão importante largá-la.
Já em outra situação, unindo a questão do diálogo com a dica anterior, poderá haver casos onde a criança perca sua última chupeta, porém em um momento onde ela ainda não esteja preparada para deixá-la. Se isso acontecer, se demonstre solidária e, com a criança, faça uma busca pela casa.
Caso realmente não encontre, converse com seu filho e deixe que ele ache em você o apoio emocional que ele tinha na chupeta.
Fique com ele até que pegue no sono e, no dia seguinte, conte uma historinha como: “Sabe o que acho que aconteceu? Acho que a chupeta foi para a casa de uma outra criança, pois você já está crescido e não precisa mais dela. E existe um monte de crianças pequenininhas que precisam que a chupeta cuide delas”.
Essa explicação, aliada ao apoio emocional, fará com que a criança perceba que ela não precisa mais da chupeta.
Dica 10 - Se mantenha firme
Se você já deu início nesse processo de retirada da chupeta ou já conseguiu fazer com que o pequeno a deixe, caso haja algum momento onde ele tenha uma recaída e peça a chupeta de volta, não volte atrás, pois, se ele conseguir a chupeta nesse momento, ele irá pedir várias outras vezes no futuro, por saber que você já cedeu uma vez.
Então, se você conseguiu perceber o momento de tirar a chupeta, notou que seu filho está pronto para largá-la e conseguiu fazer com que ele começasse a se desapegar, se mantenha firme, mamãe, e não dê a chupeta novamente a ele, ok?!